Lança-te ao mar
Não te preocupas
Basta navegar
Mire o horizonte
Leme firme
Supere a corrente
Sob sol ou lua
Canta a nereida
A escolha é tua
Velejar ou naufragar
Cabe só a ti
Vencer ao mar
sábado, 6 de outubro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Ao Campeão
Em dias de glória, ribombam os tambores tão alto quanto os próprios trovões de Zeus. Cantos épicos são compostos sobre a trajetória árdua superada. A melodia, que o vento ecoa ad eternum, adorna as ações destemidas e honradas do campeão. Mas, esse, de semblante límpido e sereno, apenas fita o horizonte distante. Cabeça erguida, abre um sorriso íntegro para as donzelas a contemplá-lo enquanto a brisa doce corta seus pensamentos: “os festejos não são para o homem que superou o desafio, para o vitorioso, pois ele já não existe mais, ele transcendera no processo e não mais carrega vitórias consigo, uma vez mais é pedra bruta. Os festejos são para as novas batalhas que virão.”.
Ao campeão, nunca troféus. Apenas mais batalhas.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Gestão Pós-Moderna
Novos tempos, novos rumos
Para o fundo do poço
Ainda que tenha prumo
Caminhos sem volta
Gerando revolta
Direita?
Esquerda?
Meia volta, volver!
Gestão embriagada
Problemas a resolver
Decisões mal empregadas
Bancarrota deflagrada
É o fim da jornada!
Novos tempos, sem rumos
- Necessitamos de consultoria!
Berra um jovem gestor
É moda entre a maioria
Novas ações, poucas razões
Muita (?) habilidade, pouca rentabilidade!
Muita mudança, pouca tolerância!
Haja ignorância!
- Mas... e os acionistas?
O majoritário bebe Macallan Fine
Enquanto seu motorista
Guia para Liechtenstein!
Os minoritários de bolsos furados
Serão sempre consolados
Pelo Deus dos Mercados!
Para o fundo do poço
Ainda que tenha prumo
Caminhos sem volta
Gerando revolta
Direita?
Esquerda?
Meia volta, volver!
Gestão embriagada
Problemas a resolver
Decisões mal empregadas
Bancarrota deflagrada
É o fim da jornada!
Novos tempos, sem rumos
- Necessitamos de consultoria!
Berra um jovem gestor
É moda entre a maioria
Novas ações, poucas razões
Muita (?) habilidade, pouca rentabilidade!
Muita mudança, pouca tolerância!
Haja ignorância!
- Mas... e os acionistas?
O majoritário bebe Macallan Fine
Enquanto seu motorista
Guia para Liechtenstein!
Os minoritários de bolsos furados
Serão sempre consolados
Pelo Deus dos Mercados!
Mandragore-me
Em noite quente de lua cheia igual amarena, reza a lenda, fazem com que as mandrágoras gritem. Despertas de um sono profundo por loucos, pois não podem ser outra coisa. Loucos sorridentes sem dentes. De um grito a lampejar a nota mais aguda, a cortar o silêncio soturno da noite escura, dor e pânico ecoam ao breu. Não contam, as pobres mandrágoras, com ajuda. Só não sabem os loucos que um grito estridente pode matar. Morre o cão, negro como a noite. Morrem os homens na forca. Sobram os dentes embalados pelo ar espesso e fétido. A noite perdura quente.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Panta rei
Um homem imutável
Sob uma estrela ruim, nascera
Pela noite fria, crescera
De sol a sol, trabalhara
Em lutas torpes, forjara
Das vitórias vis, esquecera
De derrotas nobres, transcendera
Pelo beijo doce, apaixonara
Na pele macia, aconchegara
Pelo sorriso largo, guiara
Na saudade cálida, sustentara
No regresso célere, acreditara
Pelo infortúnio fatal, tombara
Sobre o chão teso, chorara
Do sorriso largo, lembrara
Com a pele macia, sonhara
O beijo doce, sentira
Na noite fria, descansara
Sob uma estrela boa, morrera
Um homem mudado
Sob uma estrela ruim, nascera
Pela noite fria, crescera
De sol a sol, trabalhara
Em lutas torpes, forjara
Das vitórias vis, esquecera
De derrotas nobres, transcendera
Pelo beijo doce, apaixonara
Na pele macia, aconchegara
Pelo sorriso largo, guiara
Na saudade cálida, sustentara
No regresso célere, acreditara
Pelo infortúnio fatal, tombara
Sobre o chão teso, chorara
Do sorriso largo, lembrara
Com a pele macia, sonhara
O beijo doce, sentira
Na noite fria, descansara
Sob uma estrela boa, morrera
Um homem mudado
Palavras
Palavras jogadas ao vento.
Palavras dissonantes.
Palavras! Apenas palavras.
Não tens nada a dizer?
Não diga uma só palavra.
Pois de palavras vazias,
Formam-se promessas banais.
Criam-se expectativas não desejadas.
Palavras são armas.
Discursos inflamados destroem em massa.
Torrente de rancores e ódios,
Palavras movem corações cadentes.
Perpetua-se o contratempo do poente.
Angústia e aflição jorram por palavras.
Palavra por palavra e mais nada.
Na cadência forte da marcha,
Palavras retumbam ao léu.
Não alcançam sequer o céu.
Afinal, são só palavras.
Apáticas.
Irrisórias.
Rançosas.
Virulentas.
E ainda saem da boca de homens.
Homens sem palavra.
Palavras dissonantes.
Palavras! Apenas palavras.
Não tens nada a dizer?
Não diga uma só palavra.
Pois de palavras vazias,
Formam-se promessas banais.
Criam-se expectativas não desejadas.
Palavras são armas.
Discursos inflamados destroem em massa.
Torrente de rancores e ódios,
Palavras movem corações cadentes.
Perpetua-se o contratempo do poente.
Angústia e aflição jorram por palavras.
Palavra por palavra e mais nada.
Na cadência forte da marcha,
Palavras retumbam ao léu.
Não alcançam sequer o céu.
Afinal, são só palavras.
Apáticas.
Irrisórias.
Rançosas.
Virulentas.
E ainda saem da boca de homens.
Homens sem palavra.
domingo, 22 de julho de 2012
Farfalhar da Liberdade
As folhas de um galho não se deixam levar pelo vento sem que sejam conclamadas pelo Destino. Mas quando o são, voam leves e travessas por caminhos mil. Porque folhas não são como homens, não se prendem a conceitos, muito menos a teorias, não estão sujeitas as crenças limitantes dos fios das Moiras, não fazem parte do rodar da Fortuna. As folhas são livres.
E você, está se sentido preso aos grilhões do Desígnio?
A questão se resumirá a abraçar, ou não, o Destino.
Faça como as folhas, voe sereno, espere aquele ponto em que as amarras de sua suposta Sina estejam frouxas, atinja o mirante e se deixe perder nos turbilhões tortuosos do novo, do desconhecido. De preferência não voe solo.
E você, está se sentido preso aos grilhões do Desígnio?
A questão se resumirá a abraçar, ou não, o Destino.
Faça como as folhas, voe sereno, espere aquele ponto em que as amarras de sua suposta Sina estejam frouxas, atinja o mirante e se deixe perder nos turbilhões tortuosos do novo, do desconhecido. De preferência não voe solo.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Questão de Atitude
Enquanto a vida de todos eles se resumir a mediocridade da rotina, no pensar e no agir, ou vice-versa, não haverá espaço para o fantástico, o épico, o transcendente.
Nada deixarão na história, continuarão como em vida, anônimos. Porque em uma vida única só se pode deixar algo único: um legado.
Que façam suas apostas, que lancem os malditos dados, afinal, como diz o velho deitado (e de língua pra fora para a posteridade - que legado!), Deus não joga dados, ou seja, a probabilidade é coisa do Diabo. E já que estão no inferno, que abracem o Capeta!
Nada deixarão na história, continuarão como em vida, anônimos. Porque em uma vida única só se pode deixar algo único: um legado.
Que façam suas apostas, que lancem os malditos dados, afinal, como diz o velho deitado (e de língua pra fora para a posteridade - que legado!), Deus não joga dados, ou seja, a probabilidade é coisa do Diabo. E já que estão no inferno, que abracem o Capeta!
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Entre Coito
Peças de um quebra-cabeça jogadas ao chão
Um par de sapatos brogue, bem lustrados
Uma sandália Anabela, bege
Uma calça jeans velha, suja
Um vestido floral, rasgado
Uma camisa de linho amarrotada
Uma fita amarela de cetim
Dois corpos sobrepostos, seminus
Respirações entrecortadas, abafadas
Lágrimas gélidas, rançosas, ciumentas
Uma peça em metal fosco, quente
Mancha púrpura uniforme, também quente
Dois fluxos vitais soçobrando-se pelo ar
Dois sentimentos antagônicos, convergindo-se
Amor e Ódio, juntos até o ocaso da vida
Um par de sapatos brogue, bem lustrados
Uma sandália Anabela, bege
Uma calça jeans velha, suja
Um vestido floral, rasgado
Uma camisa de linho amarrotada
Uma fita amarela de cetim
Dois corpos sobrepostos, seminus
Respirações entrecortadas, abafadas
Lágrimas gélidas, rançosas, ciumentas
Uma peça em metal fosco, quente
Mancha púrpura uniforme, também quente
Dois fluxos vitais soçobrando-se pelo ar
Dois sentimentos antagônicos, convergindo-se
Amor e Ódio, juntos até o ocaso da vida
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Jornada
Acordou durante a madrugada. O sono era leve. Estava perturbado com as veredas da aleatoriedade, com os caminhos tortuosos que a vida tomara. Achava graça de tudo, pois, desesperadamente, já havia perdido o controle. Das decisões mais banais geravam-se tormentas, verdadeiras hecatombes de conflitos sociais. Queria muito agradar a todos, tragicamente percebera que tal feito era tarefa para além de Hércules e seus doze trabalhos. Suplicara aos deuses que lhe dessem discernimento, perspicácia e tolerância. Porém, nada sabia sobre deuses. Como saber que eram travessos? Que nada mais eram do que criações do fantástico? Como saber que estava só? Como saber que cada passo abriria mil novas possibilidades para outro passo dúbio? Como prever quem se magoaria em cada passo dado? Como saber o que era certo e errado, se a ética e a moral nada mais representavam para seus pares?
Tinha 12 anos. Sonhava com um mundo que seu velho pai narrara. Sonhava com a igualdade, com a fraternidade e com a liberdade. Assim como Darwin, acreditava em evolução, mesmo que sempre soubera que o mundo estava em involução. Já ouvira que a sociedade perdoava criminosos, mas não sonhadores. Até então, passara incólume pelos grilhões da civilidade. Era uma criança. Não como as outras. O que, por si só, era imperdoável. Não foi perdoado, logo, cresceu atordoado, atormentado.
Apático, caiu novamente em sono. Vagava mais uma vez pelo onírico. Sempre só. Paladino de um único propósito.
Acordou ao meio-dia. Já tinha 21 anos. Ébrio. Drogado pela racionalidade. Era um artífice das palavras. Desprezava os sofistas. Sua retorica era apaixonada. Conquistava multidões, semeara dúvida, inquietude nos corações. Levantara motins e piquetes, e, não era um vermelho. Era apenas um baluarte. Bastião de uma era, outrora, dourada. Era rocha, aço. Era um professor, maestro de um réquiem tragicômico. Arauto das verdades ocultas e transcendentes. Era, por si só, um mal necessário.
Irredutível, não se dobrava diante à autoridade imposta. Foi silenciado pela etorfina de um sistema corrupto e vil. Voltou para os Elíseos.
Despertou aos 82 anos. Perdido em flashes de memórias. Em lembranças de tempos não vividos. Tomou um trago. Acendeu seu churchwarden e pegou seu livro de cabeceira, nada mais do que seu diário. Páginas surradas, letras miúdas; agora precisava de óculos. Leu veemente cada frase, cada passagem de cada dia imemorável. Levantou-se, cambaleou até a janela, precisava de ar. Lembrou-se de quem era. Não precisava de mais nada.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
R.I.P.
Quando tudo se tornar vago.
Quando todas as escolhas forem pontas soltas.
Quando não existir fim aparente, muito menos uma causa urgente.
Quando cada passo for apenas mais um passo.
Quando a imensidão do horizonte for linha rasa.
Quando as ondas quebrarem e mais nada.
Quando o vento uivar, mas não falar uma palavra.
Quando o sol brilhar, opaco, não iluminar.
Quando a roseira só tiver espinhos.
Quando a fala for muda e a visão turva.
Quando a gentileza for mera banalidade.
Quando a tolerância for apenas um enfeite.
Quando a temperança for ridicularizada.
Quando os liceus forem apenas templos vazios.
Quando pensar se tornar tarefa autômata.
Quando a razão for irrisória, ilusão burlesca.
Estarei jazente, de olhos semicerrados.
Lágrimas secas, sorriso irônico na cara.
Consciência límpida e obstinada.
Ciente de cada ação empregada.
Cada esforço dedicado a uma obra.
Na lápide, à espera, os dizeres:
"Até o último alento,
acreditou na humanidade.
Vencido, mas não derrotado.
Legado não deixa.
Apenas o silêncio de sua ação solitária."
Quando todas as escolhas forem pontas soltas.
Quando não existir fim aparente, muito menos uma causa urgente.
Quando cada passo for apenas mais um passo.
Quando a imensidão do horizonte for linha rasa.
Quando as ondas quebrarem e mais nada.
Quando o vento uivar, mas não falar uma palavra.
Quando o sol brilhar, opaco, não iluminar.
Quando a roseira só tiver espinhos.
Quando a fala for muda e a visão turva.
Quando a gentileza for mera banalidade.
Quando a tolerância for apenas um enfeite.
Quando a temperança for ridicularizada.
Quando os liceus forem apenas templos vazios.
Quando pensar se tornar tarefa autômata.
Quando a razão for irrisória, ilusão burlesca.
Estarei jazente, de olhos semicerrados.
Lágrimas secas, sorriso irônico na cara.
Consciência límpida e obstinada.
Ciente de cada ação empregada.
Cada esforço dedicado a uma obra.
Na lápide, à espera, os dizeres:
"Até o último alento,
acreditou na humanidade.
Vencido, mas não derrotado.
Legado não deixa.
Apenas o silêncio de sua ação solitária."
domingo, 6 de maio de 2012
E as Nove embalam meu sono
E dança a fumaça do blend de Burley e Virginia, névoa que abre as portas do onírico, sedutora e hipnótica reticência de um dia cheio, mesmo que miragem, desejada avidamente.
Urânia, majestosa e celeste, me espera. Calíope, Polímnia, Euterpe e Erato cantam, em uníssono, cantigas de outrora, nostálgicas e sublimes, enquanto Terpsícore baila sob o firmamento do luar. Tália fita-me, sorri, e continua a colher passifloras. Melpômene declama versos de uma tragicomédia, docemente sarcástica. E Clio, sapientemente, proclama o ocluo de meus olhos e o provir de meu sonhar.
Urânia, majestosa e celeste, me espera. Calíope, Polímnia, Euterpe e Erato cantam, em uníssono, cantigas de outrora, nostálgicas e sublimes, enquanto Terpsícore baila sob o firmamento do luar. Tália fita-me, sorri, e continua a colher passifloras. Melpômene declama versos de uma tragicomédia, docemente sarcástica. E Clio, sapientemente, proclama o ocluo de meus olhos e o provir de meu sonhar.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Dicotomia Astral
E somos filhos dos ventos... dos ventos gélidos do Norte e dos ventos joviais do Sul.
Porque somos treva e luz. Somos 0 e 1.
Ao anoitecer, ao fim da lavoura, somos Carpe diem.
No alvorecer, ebriosos e lascivos, somos Opus dei.
Somos o ontem e o amanhã, mas nunca o hoje.
Somos o ontem e o amanhã, mas nunca o hoje.
Para sempre seremos bicho homem.
A dualidade do bem e do mal.
Para nós não existe meio termo ou um caminho do meio.
Para nós não existe meio termo ou um caminho do meio.
Ora somos vida, outrora somos morte.
Efêmeros e eternos, senhores e escravos de nossos desejos.
Efêmeros e eternos, senhores e escravos de nossos desejos.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Ode à Fornicação
Eu (me) fodo (?)
Tu (se) fodes (?)
Ele (se) fode (?)
Nós (nos) fodemos (?)
Vós (se) fodeis (?)
Eles (se) fodem (?)
Só não fode o macaco pigmeu, que de tão pequeno se fodeu de vez!
Quem não fode também é o coelho da páscoa, que no desespero achou que era um galináceo e, por sorte, um novo mercado encontrou.
Agora, de orgia em orgia, quem mais fode é o congresso nacional, pois sempre que procura, acha o eleitorado passivo e de quatro (redundância, ok, ok!). Uma celebração à ignorância, soberana, plural e irrestrita.
E um foda-se aos puritanos, já que de boas intenções o inferno se acaba em foda, digo, festa.
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