terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ao Campeão

Em dias de glória, ribombam os tambores tão alto quanto os próprios trovões de Zeus. Cantos épicos são compostos sobre a trajetória árdua superada. A melodia, que o vento ecoa ad eternum, adorna as ações destemidas e honradas do campeão. Mas, esse, de semblante límpido e sereno, apenas fita o horizonte distante. Cabeça erguida, abre um sorriso íntegro para as donzelas a contemplá-lo enquanto a brisa doce corta seus pensamentos: “os festejos não são para o homem que superou o desafio, para o vitorioso, pois ele já não existe mais, ele transcendera no processo e não mais carrega vitórias consigo, uma vez mais é pedra bruta. Os festejos são para as novas batalhas que virão.”.
Ao campeão, nunca troféus. Apenas mais batalhas.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Gestão Pós-Moderna

Novos tempos, novos rumos
Para o fundo do poço
Ainda que tenha prumo
Caminhos sem volta
Gerando revolta
Direita?
Esquerda?
Meia volta, volver!
Gestão embriagada
Problemas a resolver
Decisões mal empregadas
Bancarrota deflagrada
É o fim da jornada!
Novos tempos, sem rumos
- Necessitamos de consultoria!
Berra um jovem gestor
É moda entre a maioria
Novas ações, poucas razões
Muita (?) habilidade, pouca rentabilidade!
Muita mudança, pouca tolerância!
Haja ignorância!
- Mas... e os acionistas?
O majoritário bebe Macallan Fine
Enquanto seu motorista
Guia para Liechtenstein!
Os minoritários de bolsos furados
Serão sempre consolados
Pelo Deus dos Mercados!

Mandragore-me

Em noite quente de lua cheia igual amarena, reza a lenda, fazem com que as mandrágoras gritem. Despertas de um sono profundo por loucos, pois não podem ser outra coisa. Loucos sorridentes sem dentes. De um grito a lampejar a nota mais aguda, a cortar o silêncio soturno da noite escura, dor e pânico ecoam ao breu. Não contam, as pobres mandrágoras, com ajuda. Só não sabem os loucos que um grito estridente pode matar. Morre o cão, negro como a noite. Morrem os homens na forca. Sobram os dentes embalados pelo ar espesso e fétido. A noite perdura quente.