quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Panta rei

Um homem imutável
Sob uma estrela ruim, nascera
Pela noite fria, crescera
De sol a sol, trabalhara
Em lutas torpes, forjara
Das vitórias vis, esquecera
De derrotas nobres, transcendera
Pelo beijo doce, apaixonara
Na pele macia, aconchegara
Pelo sorriso largo, guiara
Na saudade cálida, sustentara
No regresso célere, acreditara
Pelo infortúnio fatal, tombara
Sobre o chão teso, chorara
Do sorriso largo, lembrara
Com a pele macia, sonhara
O beijo doce, sentira
Na noite fria, descansara
Sob uma estrela boa, morrera
Um homem mudado

Palavras

Palavras jogadas ao vento.
Palavras dissonantes.
Palavras! Apenas palavras.
Não tens nada a dizer?
Não diga uma só palavra.
Pois de palavras vazias,
Formam-se promessas banais.
Criam-se expectativas não desejadas.
Palavras são armas.
Discursos inflamados destroem em massa.
Torrente de rancores e ódios,
Palavras movem corações cadentes.
Perpetua-se o contratempo do poente.
Angústia e aflição jorram por palavras.
Palavra por palavra e mais nada.
Na cadência forte da marcha,
Palavras retumbam ao léu.
Não alcançam sequer o céu.
Afinal, são só palavras.
Apáticas.
Irrisórias.
Rançosas.
Virulentas.
E ainda saem da boca de homens.
Homens sem palavra.