sábado, 10 de julho de 2010

O que sabem os macacos?!


Cada galho tem seu macaco
E todo macaco tem um canto
Três deles congregam em espanto
Em uníssono, compartilham Nikko
Mizaru não quer enxergar
Kikazaru prefere não escutar
Iwazaru não deseja falar
Coisa sábia, bonita de apreciar
Por ser macaco-homem, penso
Astigmatismo à parte, enxergo à frente
Tímpanos saudáveis, escuto até alento
Amígdalas retiradas, fala eloquente
Seriam estas privações tão necessárias?
Pergunte ao galho do macaco gordo


sexta-feira, 2 de julho de 2010

E hoje nem é domingo


O bucho vazio
O buraco fundo
A vista escura
A fossa larga
O passo torto
O abismo escuro
A voz rouca
A fenda aguda
O fígado fraco
O barranco perto
A vida curta
A queda certa

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Inspiração


Preciso de um tema
Nada banal, nem trivial
Mas também, nada colossal
Fica no meio termo
Pode ser simples
Com um quê de complexo
Tem de ser alegre
E lembrar da tristeza
Nem bonito, nem feio
Beleza é apenas conceito
Com o fulgor do viver
E de uma paixão de morrer


Se um dia encontrares algo assim, sorria, festeje e avisa-me. Tal tema deve ser partilhado, mostrado ao mundo. Pois faltam motivações à nossa geração. Todas as que existem são superficiais. E as de outrora já morreram, Urânia, Calíope, todas as nove.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aqui e Acolá

A boca seca
A vista cansada
A perna frouxa
A mente vazia
Silêncio... paz
Sono pesado
Sonho não há

Tudo do Vazio by Leandro Cruvinel


... aê, contribuição do amigo Leandro.
Detalhe: não sei porque os matemáticos têm essa obsessão pelo vazio e pelo fim. Também padeço desse mal. Mas, não será porque o vazio remete a ideia de paz de espírito, um lugar em que os pensamentos são abrandados?! E o fim? O fim é certo.

Tudo no vazio - Leandro Cruvinel

Você foi a melhor coisa que me aconteceu,
Aprendi o que eu sabia
Vendo os erros que ninguém cometeu
O sangue jorrou de feridas que não se abriram
E as penitências foram pagas
Por promessas que não se cumpriram
Agora odeio o que eu já odiava,
Mas amo o que eu amava
As linhas são mesmo retas,
As pessoas é que são analfabetas
É fácil escrever certo,
O difícil é não ser analfabeto
E se quiser chorar,
Chore!
Por eu não saber rimar...
Porque o fim não rima com nada

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Trabalhador, pensador

Alucinado pela jornada diária
Perdido por mil caminhos vis
Não sabe se trabalha ou se pasta
Nada parece ter sentido próprio
Tudo é uma composição de porquês
Nenhuma resposta satisfatória
Mas também, nem uma pergunta eficaz
Continua perdido, agora na lama
Sujo, já não se importa mais
Espera pela sorte ou até o azar
Já não ri, muito menos chora
É oco, pão seco sem miolo
Ah! Não mais, mais trabalhará

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sobre mim

Ainda que recorde, seria vazio
Ainda que pense, seria vago
Ainda que sinta, seria frio
Ainda que reviva, seria morto
Não posso dizer nada mais sobre!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Acaso

No vazio do escuro encontrei o nada. Pensando estar morto, apeguei-me a única coisa que sabia ou, pelo menos, que lembrava já ter sabido: a matemática. Então, integrei o nada por toda a escuridão e, obtive 1. Logo, não estava contido no vazio, mas sim contido na imensidão de algum espaço amostral. Descobri-me deixado ao acaso.

Divagando...

O que existe além da existência do conceito abstrato de existir? O "penso, logo existo" é falho? Um gorila conhece sua existência? Ou apenas o homem conhece a existência do gorila? Mas o homem, sabe que existe? Qual o seu conceito abstrato de existir? A existência é um mistério. O pior é que, ainda, existem teorias como a panspermia, levando a existência a níveis inimagináveis. Só queria uma teoria axiomática!

O Incrédulo

Não acredito nos sentimentos
porque são superficiais e abstratos.
Não acredito na razão,
pois ela é ingênua e prepotente.
Não acredito nas instituições
já que todas se corrompem.
Não acredito na política
que é suja e injusta.
Não acredito na história
repleta de fantasias e mentiras.
Não acredito em mim mesmo,
afinal sou um ser humano.
Não acredito no ser humano
porque ele é mau demais e imperfeito demais.
Não acredito em Deus
porque Ele é "bom" demais e "perfeito" demais.
Só acredito no fim
porque ele é certo.

Modelagem

Um estatístico a pensar
quantos deuses existiriam
e uma forma de contar
muitos zeros encontraria

Qual modelo então usar
senão um de Poisson
assim poderia abusar
ponderado, inflacionado

A rotina a implementar
muito tempo despendido
convergência, sem verificar
divisão por zero: ERROR!